ELITE - EPISÓDIO 01 - PORTA ESTREITA
- utopiashunter
- 29 de set. de 2015
- 8 min de leitura

O futuro estava cheio de surpresas, muitos tentaram prever. O que seria das nações? Onde iria parar a vida humana e quais consequências os mesmos teriam por não conseguirem cuidar bem daquilo que tiveram? Foi tudo bem diferente do que preverão. A água acabou para parte da população, alguns rios secaram e grande parte da humanidade realmente foi dizimada pelas terríveis devastações que assolaram. Uns se mataram lutando por seus lugares, ou por um vasilhame de água ou por comida. Isso aconteceu porque houve uma superlotação na Terra. Muita gente para pouca água e comida e até por espaço. Mas o mundo não acabou como previam. Um grupo de grandes empresários, cientistas e governantes se reuniam durante anos para definir o que fariam quando isso acontecesse e esse tempo chegou. Eles pegaram o lugar mais farto, que ainda restava no mundo e construíram um reino. Apenas os mais poderosos e influentes conseguiram lugar no novo e independente pais o Central Elite, durante os primeiros anos eles se isolaram e quem tentava invadir aquelas terras eram mortos pelo que eles nomearam de Protetores da Paz de Central Elite (PROPEC). Eles exterminavam todos que tentavam passar pelas fronteiras, mulheres, jovens, crianças, não importava quem fosse. Só havia uma forma de entrar lá conseguindo uma vaga na School Elite, a única e principal escola daquela farta terra. Como isso? Anualmente fazia-se por todo o mundo, ou com o que restou dele um processo seletivo chamado de Porta Estreita para a Vida (SGL), onde os melhores jovens de todo o mundo paravam as suas vidas para disputar apenas 100 vagas, os países que ainda tinham uma civilização tinham de entregar seus mais promissores jovens para esta prova. A prova era a primeira fase desse processo, os 300 melhores candidatos que conseguiam acima de 700 pontos avançavam para a segunda fase e já conseguiam passaporte legal para entrar no Central Elite, onde teriam que passar pela segunda fase, que eles mantinham em segredo. A única coisa que se sabe é que os 200 jovens que não passam pela segunda fase, ou não voltam mais, ou voltam como zumbis, como loucos, alguns não aceitando que terão que ficar para sempre em suas vidas pacatas, se suicidam. No último ano foram 178 casos de suicídios. Outra coisa que muito se ouvia era que na School Elite não havia lei valia tudo para conseguir ser o melhor no ranking geral da escola. Por que? Porque quanto maior fosse sua posição no ranking maior poderia ser seu cargo no governo, ou nos departamentos públicos de Elite, ou também valeriam mais ações na bolsa de valores da poderosa nação. As notícias que corriam era que haviam homicídios ali. Era por isso que os pais de todos os jovens que eram escolhidos se preocupavam demais. Uns por preferirem viver suas vidas na miséria do que perder seus filhos, escondiam-se e tentavam fugir, mas quando o jovem era escolhido, não tinha como fugir, os agentes da PROPEC sempre encontravam os fugitivos. Um jovem em especial sonhava diariamente, ao ver as luzes de Central Elite brilharem forte nas noites, olhando de sua casa que ficava em um morro na província mais próxima do poderoso reino. Samuel Link era o nome dele, acabara de completar 15 anos de idade e como todos, pensava no dia que iria poder adentrar naquela terra, ouvia falar de noites de diversão, do Parque Fantasy Holmes, o maior parque da Terra, que pertencia a família Holmes, uma das mais influentes de Central Elite. Ele passava horas sentado olhando pela janela de seu quarto. Naquela noite Samuel sentou-se e já sentia suas mãos suarem e seu coração disparar. Ele foi um dos escolhidos para participar do processo seletivo e tinha acabado de voltar da sua escola, a mais influente de sua província, onde fez sua prova, a ansiedade estava mais forte que nunca. Samuel tinha uma pendencia de família para resolver em Elite. Seu pai era um dos homens poderosos que deveria estar lá dentro, mas foi enganado pelo irmão, James Link, que hoje é assessor do Rei Xavier, o grande presidente de Elite. Samuel cresceu ouvindo de seu pai que precisava se vingar de James e a única forma de conseguir isso era fazendo com que ele ou o irmão mais novo, Simon, entrassem por meio desse processo, pois se um dos dois passassem a família ganharia o passaporte. Por isso o garoto não vivia para mais nada, senão para estudar para esse dia, tudo que seu pai, Jensen Link, queria era que seu filho fosse o primeiro colocado no ranking mundial da prova da SGL. Então Samuel sabia que se não conseguisse isso, seria desconsiderado por seu pai. Samuel! O jantar está na mesa, meu filho! Anunciava na porta a senhora Link, mãe do jovem mais promissor. Ela entrou no quarto dele e sentou-se ao lado do filho. Você está com medo, não é? O que pensa? Sempre ouvindo do meu pai, que se eu fosse mal nessa prova seria até expulso de casa. Como eu estaria? Samuel levantou-se e foi ver o jornal que vinha de Elite. Mais de 3 milhões de jovens, mãe! E eu tenho que ficar entre os trezentos melhores, ou como o senhor Link deseja, tenho que ser o melhor. Isso é muito difícil! Sam, eu não vou deixar ele fazer mal a você, se o pior acontecer. E como sua mãe, tenho certeza que você irá passar. Quando sai o resultado? Perguntou a mãe dele, andando em sua direção e segurando suas mãos. Amanhã. Tenho que estar na sede de relacionamentos internacionais, todos os quatro mil e setecentos alunos da nossa província estarão lá durante todo o dia. Eu tenho que ir no turno da manhã. Ele olhava nos olhos de sua mãe, que estavam inundados. Eu acredito em você! Ela o abraçou, suspirando. Ao amanhecer do grande dia, as notícias na TV já anunciavam os suicídios dos primeiros jovens no Oriente Médio. Clarisse, mãe de Samuel já cerrara os seus lábios, quando o marido Jensen Link, chegava a cozinha e olhando para a mulher com todo o seu rancor fluindo em sua expressão. Está com essa cara por quê? Perguntou ele, enquanto Clarisse disfarçava e olhava para o outro lado. Você sabe que está errado em ameaçar seu filho assim, Jensen! Ela voltou sua atenção para as panelas, enquanto falava e o senhor Link se assentava a mesa, bufando. Sei que meu filho vai passar e vai vingar nossa família! Disse ele, olhando para a TV e começando a sacudir a cabeça em negação a notícia. Jovens fracos! Não há necessidade de se matar por isso. Estou aqui na miséria e vivo até hoje. Você sabe se é o que ele quer? Você sabe se é essa vida de vingança que o Sam quer? Clarisse se alterou um pouco e bateu a porta do armário, onde guardava as panelas que ia secando. Ele só quer nos dar uma vida melhor, não essa vingança. Jensen se levantou irado e segurou no cabelo de Clarisse. Não grita comigo! Você não sabe que eu detesto gritos? Gritava ele, quando Samuel chegou na cozinha de cabeça baixa. Solta ela, pai! Samuel, estava cansado de ver aquela cena. Solto sim, mas ai de você, garoto se não voltar essa noite com a notícia que eu espero! Jensen soltou os cabelos de Clarisse, que estava chorando silenciosamente. O rancoroso homem saiu da cozinha, bufando. Perdi a fome! Samuel correu para abraçar sua mãe. Ela sofria muito com os lapsos de violência que seu marido vinha apresentando desde que seu irmão o traiu e levou toda sua riqueza. Simon chegou a cozinha e ainda com sono se sentou à mesa. Mamãe, tem leite hoje? Perguntou ele, com voz de choro, pois já havia mais de uma semana que não tinha leite para ele beber. Ao ouvir seu filho pedir por algo que ela sabia que não tinha em sua casa, Clarisse caiu em prantos, nos braços de Samuel. Preciso livrar minha família disso! Pensou Samuel, deixando algumas lágrimas escapar. Sam saiu mesmo sem comer nada. Com aqueles pensamentos martelando em sua cabeça. Se fosse só por vingança, Samuel talvez não tivera perdido diversas noites de sono para estudar, mas também era para mudar a vida de sua família. Ele queria ver Simon tendo uma vida melhor que a dele, queria diminuir o sofrimento de sua mãe e isso o estimulava a odiar James Link, assim fazendo-o pensar na vingança . Ele foi com o ônibus da sua escola. Uma virgula a menos ou a mais, um acento errado, ou uma desatenção para marcar no cartão-resposta, ou apenas um sinal mal colocado podia destruir sua vida naquele instante. E no caminho para o Centro de Relações Internacionais, podia-se ver jovens e adultos mendigando em sua província, pois não resistiram a crise mundial e tiveram que se submeter a miséria sub-humana, depois de não conseguirem passar nessa prova, ou na segunda etapa do SGL. Acha que passou, Sam? Perguntou Gabriel, melhor amigo de Sam, que também se encaminhava para descobrir se passou ou não e ao contrário de muitos estava tranquilo mastigando uma barra de cereal. Estou super de boa! Falava ele de boca cheia. Claro, Gabriel, seu irmão já está lá e já deve estar quase garantindo o passaporte de vocês! Disse Lívia, prima de Gabriel e também muito amiga dos dois, que estava no banco de trás. E não fala de boca cheia! Pediu a jovem inconformada. Lívia você é mal-humorada demais, deve ser por isso que é tão nova e já está cheia de rugas! Disse ele, puxando mais um pedaço da barra. RUGAS? Gritou ela, segurando-o pela camisa. Assim conseguindo arrancar um sorriso de Sam. EU-NÃO-TENHO-RUGAS! Ela soltou o primo e abaixou a cabeça. Se eu não passar, meu pai disse para eu não voltar mais para casa. Disse ela chorosa. Estou numa situação parecida. Samuel sentiu-se mal outra vez e lembrou de seu pai e suas duras palavras. O ônibus estacionou, quase que na fronteira da Central Elite, onde ficava o Centro de Relações Internacionais. Chegaram ao destino, as três primeiras filas estavam um tanto grandes, quando chegaram, mas ainda não tinha um terço do que ainda viria. Sam e seus amigos desembarcaram e caminharam para a fila H. Enquanto Lívia já chorava, prevendo o mal e Gabriel abria outra barra e levava a boca, Samuel apenas observava a postura dos homens da PROPEC e dos agentes federais de Elite, que organizavam e impediam alvoroços . Atenção, vai começar a apresentação de resultados da primeira fase da SGL! Quando a luz vermelha ascender, entram de três em três e escolham suas cabines, lá encontraram uma máquina de leitura digital, deveram colocar seus polegares no laser, como indicado nas instruções que lá receberão. Depois da máquina detectar sua identidade irá aparecer no visor sua pontuação, posição mundial e resultado final. Após isso irá imprimir uma declaração de aprovação, ou reprovação! Anunciou uma mulher por um grande alto-falante, colocado na porta do local. Lívia estava indignada atrás de Gabriel, que mastigava sem parar, então ela foi para a fila J, a última, que estava mais vazia e já iria entrar com os três primeiros de lá. Ela olhou para Samuel, que estava concentrado e começou a chorar impulsivamente. Então a luz vermelha ascendeu. Ela foi com os outros dois que estava à frente dela. Três de cada uma das 10 filas entraram e foram em direções as cabines. Lívia estava com as mãos suadas e o coração disparado, quando entrou na cabine, com a mão tremula ela colocou o polegar no sensor. O visor mostrou a mensagem “seque suas mãos” e a máquina liberou alguns papeis para que ela secasse as mãos. Então já podia-se ouvir gritos em outras das trinta cabines, gritos de desespero e angustia de pessoas que provavelmente não passaram. Agora estou com um pouco de medo! Será que a Lívia também gritou? Disse Gabriel, tentando esticar o pescoço para ver se sua prima tinha saído da cabine. Samuel por sua vez entrou em um desespero mais que já estava e mal podia falar nada. Lívia secou as mãos e colocou outra vez o polegar no sensor, agora a máquina reconheceu sua identidade e o nome dela apareceu no visor, ela levou a mão ao rosto e caiu de joelhos no chão, enquanto a máquina terminava seu trabalho e imprimia a resposta. Chegou a vez de Sam e Gabriel. Eles não podiam esperar Lívia sair, pois estavam em outra fila, os dois se encaminharam para suas cabines. Samuel estava ofegante e seu coração estava em palpitação extrema, as mãos dele, assim como as de Lívia tremiam de forma inenarrável. Ele com muito medo foi aproximando o polegar ao sensor. E as palavras de seu pai, a imagem dele batendo em sua mãe e de seu irmão pedindo por leite estavam povoando sua mente naquele instante. O ar parecia estar distante. Então ele colocou o dedo no sensor, com lágrimas nos olhos.
C O N T I N U A . . .
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